Entrevista: Bruno Gradim conta tudo sobre sua passagem pelo Piauí


Bruno Gradim nasceu em 23 de agosto de 1980 (35 anos) no Rio de Janeiro, RJ. Apresentador e ator, tendo atuado em ‘Paixões Proibidas (2006), ‘Revelação - novela (2008)’ e ‘O homem do Futuro  - cinema (2011)’. Fez participação em ‘Os Milagres de Jesus - novela da Rede Record, apresentou o 'Cajuína Carioca' na TV Antena 10, além de ter participado três vezes do elenco de 'Malhação'. 

Em 2013, ele iniciou no Piauí o projeto do programa 'Cajuína Carioca', que tinha como mote fazer uma troca cultural entre Piauí e Rio de Janeiro. No 'Melhores da Comunicação 2014', a atração figurou nas categorias 'Melhor atração do final de semana ', tendo obtido 25,5% dos votos válidos, perdendo apenas para o primeiro colocado que teve 27, 5% e 'Programa de Entretenimento de Melhor Conteúdo', também levando a segunda colocação. E o próprio Bruno Gradim também figurou na categoria 'Melhor Ator Publicitário', levando a 3ª colocação.

No próximo domingo ele completa mais um ano de vida, e nos brinda com uma entrevista reveladora a respeito de suas perspectivas sobre o Piauí. Entre outras tantas, ele fala sobre a falta de valorização cultural por parte de uma pequena elite local a cerca de seu patrimônio histórico. Conta também porquê deixou as telinhas locais, além de participar do nosso Jogo Rápido. Vale a pena ler até o final. 

P8: Bruno, você começou sua carreira artística bem jovem, logo aos 14 anos. Quando você despertou essa paixão e quem foi a primeira pessoa que disse “eu te apoio”?
Bruno Gradim: Nessa época acho que os meus pais, que foram os primeiros a me apoiar, não o faziam com a “esperança” de uma vocação/profissão pra mim. Eles apoiavam coisas que me faziam bem. Mas acho que esse tipo de apoio vem primeiro da mãe.

P8: Se não tivesse seguido essa carreira, acha que estaria fazendo o que da vida atualmente?Não sei. Talvez estivesse trabalhando com coisas mais simples. Vivemos uma época em que muitos vivem “a necessidade de ser importante”. 

P8: Bruno, você passou por todas as grandes emissoras do país, fez novelas, atuou em filmes. Listaria a TV em que mais se sentiu a vontade para trabalhar?
Acho que foi o SBT. Lá foi um lugar onde vi um carinho entre as pessoas. Isso é muito importante.

P8: Só pela Malhação você teve 3 passagens. Qual foi a mais importante?
Bruno Gradim no início da carreira em participação na novela teen 'Malhação'
Talvez seja a malhação 98 mesmo. Não só pelo Barrão, mas pela época de muitas descobertas. Eu tinha 17, 18 anos. Dá pra imaginar o que aconteceu né?

P8: Em 2008 atuou em Revelação, novela de Íris Abravanel. Também no SBT você participou do Jogo dos Pontinhos por 1 ano e meio. Conta pra gente como foi trabalhar com o Patrão e a Patroa?

"Jogo dos Pontinhos", SBT
 Eu tive pouco contato com a dona Íris. Ela sempre foi gentil e educada comigo.
Já com o Sílvio era outra história. Eu era um funcionário que tinha acesso semanal a ele. Coisa rara dentro da dramaturgia no SBT. Pude conviver com situações do dia a dia com ele. Depois de um tempo sabíamos até o humor dele só pelo jeito dele cruzar o corredor do estúdio.
Bastante enriquecedor ter convivido com ele. O que me pareceu nesse tempo é que, dentro de suas crenças, ele procura ser um homem bom.

P8: O que mais te deixa satisfeito: atuar no teatro, dirigir programas, apresentar ou atuar em novelas?
Não é o veículo que me “chama”. É o produto. Gosto de comunicar valores.

P8: Em 2013, você passou a fazer parte do casting de uma afiliada a Rede Record, no Piauí, a TV Antena 10. O que te trouxe até aqui? De quem partiu o convite?
O que me levou ao Piauí foi o meu movimento, constante, em tentar descobrir e viver novas situações. E, principalmente, ter visto riquezas inexploradas, no melhor sentido da palavra.
Em 2012, quando estive em Teresina ministrando um curso de Teatro, quem olhou para mim, de forma a acreditar que eu poderia ser útil, não só para a Antena 10, mas ao Piauí, foi o Fábio Sérvio. Na época, diretor de marketing e comercial.
Porém quem concretiza o convite foi o Tony Trindade, então Diretor Executivo da Antena 10, com o aval do presidente da emissora, Cláudio Tajra. 

P8: Você já conhecia o Piauí? O que te deu segurança para sair do Rio de Janeiro e engatar um programa, trazer gravações de uma novela da Rede Record e ainda ser diretor artístico da TV Antena 10?
Nunca tive essa “segurança”. Porém não posso dizer que vivia uma insegurança. Eu sempre soube que eu tinha coisas que interessavam a TV e à Direção. O que é normal na relação que envolve dinheiro. É um tipo de troca, que não necessariamente envolve segurança.

Na verdade, eu tinha confiança no que eu poderia criar, produzir de conteúdo e principalmente no potencial cultural e cenográfico do Piauí. O processo da novela ‘Milagres de Jesus’ foi muito desgastante. Não sei se teria disposição de fazê-lo hoje em dia, mesmo tendo valido muito a pena.

P8: Foi através de você que a Rede Record decidiu fazer as locações para a novela ‘Milagres de Jesus’ no Piauí. Como se deu esse acerto?
Quando eu cheguei no Piauí, na TV Antena 10, uma das primeiras coisas que disse foi “o Piauí tem um potencial cenográfico maravilhoso e virgem. Tenho certeza que dá pra trazer uma novela pra cá. Eu conheço alguns diretores”. Acho que quando virei as costas as pessoas devem ter rido muito de mim. Porque, provavelmente, parecia mais uma daquelas promessas ou firulas que as pessoas fazem, para impressionar umas as outras.

Daí, menos de 3 meses depois desse episódio, encontrei o João Camargo, Diretor Geral da série, que estava na casa de um amigo em comum. Nós nos conhecíamos, porém não éramos amigos. Em determinado momento ele comentou que estava começando a pensar nos cenários de ‘Milagres de Jesus’. Sabe quando o universo conspira a favor? Pois só de mostrar pra ele as fotos do Delta do Parnaíba, Sete Cidades, Serra da Capivara e Gilbuéis, ele me perguntou: “e aí, quando é que você vai me levar pra lá?”.

Bom, minha participação no projeto sempre foi de cunho artístico. Minha responsabilidade era com os cenários, mostrar o melhor para a parte artística do produto. Depois disso, a direção da Antena 10, as autoridades competentes do Estado e Municípios envolvidos, junto com a academia de filmes e a direção da Rede Record, se acertaram, nas necessidades para que a produção fosse levada ao Piauí.
Só esse assunto renderia facilmente uma entrevista.

P8: Qual a importância desse trabalho na sua vida?
Foram muitas descobertas, em termos de valores que estavam escondidos dentro de mim. Foi um processo que demorou a sair do meu dia a dia. E só hoje consigo olhar com mais clareza as transformações. Foi importante para mim no todo, não só no profissional.

P8: Se você fosse dirigir uma novela ou uma série e tivesse que usar o Piauí como cenário. O que você aproveitaria? Temos potencial a explorar ainda?
Se eu pudesse filmar num lugar no Piauí, esse lugar seria em Gilbuéis. A textura daquele laranja/vermelho é incrível.
Mas só de ter visto a Pedra do Castelo e Sete Cidades na série, já valeu tanto, que nem peço mais nada a Deus com relação a isso (risos).

P8: O que falta para que o Estado deslanche como um ponto turístico importante do país?
Vou fugir um pouco da pergunta para falar de algo mais amplo.
A questão não é só o Piauí deslanchar como ponto turístico. Existe um todo muito complexo que envolve, também, uma vergonha que parte da elite piauiense tem, de ser piauiense. Eu já presenciei, por exemplo, gente respeitada depreciando os nomes dos bairros de Teresina em detrimento aos nomes dos bairros do Rio de Janeiro. É triste você ver uma pessoa enchendo a boca para falar Ipanema e gargalhando ao falar Mocambinho. Não é bom ver pessoas valorizando mais o que vem de fora, só porque “vem de fora”. Uma pergunta recorrente que eu ouvia, em tom de curiosidade, às vezes desconfiança e espanto era, “O que você veio fazer aqui?”. E ainda tinham os julgamentos que se pautavam em pensamentos como, “se ele fosse bom, ele estaria no Rio ou em SP e não aqui”. Era como se o Piauí fosse o que me “restou” e não uma escolha minha. Será que o Piauí é um lugar ruim? Não! Apesar dos problemas, a questão maior, nesse caso, passa pela autoestima coletiva. E eu posso falar disso com propriedade, pois eu fiz do meu trabalho a valorização do que eu entendia como importante no Piauí.

Outro aspecto a se ressaltar é de que os meios de comunicação “só” exploram turisticamente o litoral. Eu fiz parte disso e assumo que é de uma falta de originalidade enorme. Como pode cerca de 65 km (dos mais lindos do mundo, diga-se a verdade) serem “sempre” mais “interessantes” que os outros 1200 e tantos Km?

Acho que seria um desafio importante tentar produzir um “Especial de verão no Sertão”, e não só na praia! E que se frise que o que levou, de forma determinante, ‘Milagres de Jesus’ para o Piauí foi Sete Cidades e a Pedra do Castelo, e não o Litoral.

Aliás, a Serra da Capivara, que, na minha opinião, é um dos lugares mais importantes do mundo poderia ser melhor explorada pelo turismo, independente da responsabilidade ser de governos federal, estadual ou municipal. Tá na hora de sermos as mudanças que queremos, não é verdade?

P8: Listaria um lugar do Piauí pelo qual você se apaixonou ou até mesmo moraria?
Eu tenho um terreno entre (as praias) Maramar e Macapá, em Luís Correia. Eu a considero uma das praias mais lindas do Litoral brasileiro. Uma riqueza sem fim. Não a toa virou cenário da série.

P8: Em 2015, o (programa de televisão) ‘Cajuína Carioca’ deixou as telinhas da TV piauiense. O que aconteceu?
Episódio de 'Cajuína Carioca' com participação de Cacau Melo
Uma série de coisas. A TV Antena 10, segundo me relatavam, enfrentava algumas dificuldades puxadas por outros problemas do grupo JET. O que é normal. E o próprio acerto financeiro criou um entrave em determinado momento.
Na verdade, nessas horas, nunca se sabe ao certo. Às vezes, as pessoas têm dificuldades em explicar que algo simplesmente acabou, que não interessa mais. E daí, precisam de um “bom argumento”.

P8: Você tem projetos para voltar a trabalhar no Piauí?
No momento, não. Eu até pensei em tentar inserir o ‘Cajuína Carioca’, que me pertence, em outra emissora. Alguns colegas, que estão hoje na TV Meio Norte e Cidade Verde, até chegaram a falar comigo. Me senti mais feliz pelo carinho do que pela lembrança profissional. Aqui cabe a famosa expressão, “Quem sabe um dia?”.

P8: E o coração de Bruno Gradim. Disponível, ocupado? Alguma piauiense foi capaz de conquistá-lo?
Amando, sempre. Mas pra responder essa pergunta de forma direta, estou solteiro. E não foi uma piauiense que me conquistou. Fui eu que consegui, depois de muita peleja, conquistar (risos). Algumas piauienses são bravas (risos). Brincadeiras a parte, eu tive uma grande parceira aí.

P8: Quando não está trabalhando...Aonde está Bruno Gradim?
Hummm........ Segredo!

P8: Quais seus planos para o futuro?
Talvez tentar ao máximo viver a única coisa que existe, que é o presente.

P8: O Portal 8 agradece a sua disponibilidade para essa entrevista. Foi um imenso prazer compartilhar um pouco da sua história com o nosso público.
Eu agradeço também. É importante que vocês continuem trabalhando no que acreditam, sempre dando espaço para acreditarem em novos trabalhos também. Boa jornada!
  

JOGO RÁPIDO

Televisão?
Concessão pública, que deveria ser menos usada para favorecimentos pessoais.

Um sonho?
O mundo com um sistema de comunicação plural e não violento.

Um medo?
De ter medo.

Religião?
Jesus, não era Cristão! Buda, não era budista. Isso me leva a crer que apenas o amor é um templo!

Ídolo?
Tenho carinho e admiração por muita gente, mas não considero idolatria. Não me vem ninguém a mente.

Fracasso?
O fracasso é uma ilusão criada pelo apego do ego e pela mente, que procura sempre no outro a aprovação das suas ações.

Brasil?
Precisamos ser o país do aproveitamento e não do desperdício.


Rio de Janeiro?
Muita vaidade. Precisa de mais amor.

São Paulo?
Te adoro, mas preciso lhe dizer: o Brasil é maior que você!


Piauí?
Te adoro e vou lhe dizer: o Brasil precisava saber, que você é maior do que fazem parecer.

Muita gratidão.
Entrevista: Bruno Gradim conta tudo sobre sua passagem pelo Piauí Entrevista: Bruno Gradim conta tudo sobre sua passagem pelo Piauí Reviewed by Portal P8 on 00:55:00 Rating: 5

7 comentários:

  1. TV Século 21 canal 50 no ar

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  2. Amigos, sinal da rede século 21 já está no ar, sintonize canal 50!!!

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  3. Obrigado galerinha que acompanha o Portal P8, nossa equipe esta antenada para tudo que rola na TV piauiense. Inclusive, confiram ai no seguinte link: http://piauip8.blogspot.com/2015/08/sinal-da-rede-seculo-21-chega-teresina.html Obrigado!

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  4. Será que ela ainda vai aumentar a potencia .. pq aqui ainda nao esta pegando com boa imagem não .. no bairrl de vcs esta legando como . Com boa qualidade ou ainda baixa qualidade??????

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  5. Que falta o Cajuína Carioca faz na nossa TV. Eu gostava do Bruno pela sua espontaneidade e carisma. Profissional como poucos.

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  6. Agradecemos aos comentários de nossos internautas.Estamos trabalhando para levar o melhor conteudo aos nossos leitores

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