ENTREVISTA: Cláudia Brandão conta que já foi ameaçada no exercício da profissão

Voltando com a coluna Fora do Ar temos o prazer de entrevistar Cláudia Brandão, atualmente editora-chefe da Revista Cidade. Cláudia foi a primeira entrevistada do Portal 8, ainda em 2011, no surgimento do site. Ela já foi repórter, apresentadora e editora-chefe da TV Clube, com passagens na secretária municipal de Comunicação de Teresina e na assessoria de imprensa do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI). Atualmente, Cláudia Brandão segue como contratada do Grupo Cidade Verde, mantendo um blog no portal de notícias Cidadeverde.com e atua na edição da Revista Cidade Verde que tem circulação quinzenal.



Antes de mais nada, agradecemos à Cláudia Brandão a disponibilidade e a gentileza por conceder a entrevista a seguir. Confira na íntegra, com todas as letras, a entrevista.

Como você começou sua carreira no jornalismo?

Comecei ainda como estudante de jornalismo da UFPI, a trabalhar como repórter na extinta TV TIMON. Um ano depois de estar trabalhando lá, fui convidada pela TV Clube, para onde me mudei e trabalhei por mais de 20 anos, exercendo as funções de repórter, apresentadora, editora e diretora de jornalismo.

Você começou como repórter na TV Clube. Teve alguma dificuldade no início? Quais foram?

As dificuldades se davam mais em função da falta de equipamentos para fazer tudo o que tínhamos vontade. Na Clube, sempre tive um apoio muito grande do meu diretor de jornalismo, Carlos Augusto. Com sua experiência, ele ia me orientando até eu conquistar confiança no meu trabalho.

Quem é o maior profissional com quem você já trabalhou? Qual a sua fonte de inspiração para ser cada vez melhor?

Estive ao lado de grandes nomes, como Deoclécio Dantas, Carlos Augusto Araújo Lima e, mais recentemente, o Paulo Fernandes (Rede Globo), além de muitos outros que não teria espaço para citar aqui. Quem mais me inspira a melhorar a cada dia é, sem dúvida, o público. É para ele que eu trabalho e é com ele o meu maior compromisso. Em termos de referência nacional, sempre tive o Lucas Mendes como exemplo na televisão. Hoje, falando de blog, gosto muito do Josias de Sousa.

Por que você não voltou mais a trabalhar na TV Clube depois de sair do cargo político?

Deixei a Prefeitura para atender a um convite do meu amigo Luciano Nunes, Presidente do TCE. E a ideia era passar um tempo afastada das redações, uma espécie de licença sabática. Mas, aí veio o convite do Jesus Filho para que eu assumisse a Revista Cidade Verde e foi muito tentador porque é uma experiência totalmente nova, que me desafiou em todos os sentidos. Não foi nada planejado. A vida vai nos apontando caminhos e cabe a nós segui-los, ou não.

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Cláudia como é estar à frente da Revista Cidade Verde?

Eu estou adorando trabalhar na Revista. É bem diferente de televisão, principalmente em relação a prazos, já que na TV tudo é imediato. Na revista, a gente tem a oportunidade de trabalhar melhor cada assunto, revisar, ampliar, ver e rever várias vezes a matéria antes de publicá-la. Também temos mais espaço para aprofundar mais os temas abordados. Pra mim, tem sido extremamente gratificante.

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Você também tem uma coluna no portal Cidade Verde. Você prefere portal ou revista?

Gosto dos dois. São paixões diferentes. Tenho enorme satisfação em sentar para escrever meu blog, um espaço no qual disponho de total liberdade para expressar minha opinião e fazer as análises que julgo cabíveis. E é muito bom ver o retorno do público. Hoje mesmo recebi um e-mail de um piauiense que mora em Brasília e diz que faz questão de acessar o blog todos os dias. É muito gratificante ouvir isso.

Qual foi a notícia mais difícil que você apurou?

A cobertura do crime organizado foi muito difícil, porque era um tema cercado de muito medo e até ameaças. Eu mesma recebi ameaça à época. Ligaram pra mim na redação da TV Clube e uma voz masculina disse que sabia onde eu morava. Reforcei a segurança e segui adiante com meu trabalho.

Você passou um bom tempo apresentado um jornal na Clube. Tem pretensão de voltar às telinhas?

Confesso que, às vezes sinto saudade. Foi uma experiência muito boa, mas no momento não estou pensando nisso. Assumi agora um novo desafio e estou completamente mergulhada no universo da Revista Cidade Verde.

O jornalista Wellington Raulino, em entrevista ao Portal 8, disse que às vezes os jornalistas são usados por interesse pelos donos de TV. Cláudia, isso realmente existe?

Os meus chefes sempre tiveram uma relação muito respeitosa comigo. É lógico que todo veículo tem a sua linha editorial e nós temos que respeitá-la. Mas acho que nossos veículos evoluíram muito para o profissionalismo.

Confira a entrevista de Wellington Raulino ao P8

Você ainda se sente disposta a experimentar, abrir novos caminhos na sua profissão? Quais suas ambições profissionais?

Estou sempre experimentando. Assumir a editoria da Revista Cidade Verde foi uma prova disso. Amo minha profissão. Dentro do jornalismo, gosto de fazer tudo. Da pauta à edição final.

Na sua opinião, a política brasileira tem jeito?

Está cada vez mais difícil acreditar nisso. Vejo a comercialização de cargos e interesses assumir  o protagonismo da política em nosso país e isso me deixa muito triste. Mas não posso perder as esperanças de acreditar que o país vá melhorar. Tem que melhorar, a começar por nós eleitores. Afinal, os políticos são reflexos das nossas escolhas.

Se fosse politica, o que você iria abolir na sua gestão?

Nunca me imagino nessa função. Mas, certamente, não iria tolerar corrupção de nenhuma natureza. A corrupção corrói a democracia, os valores e o patrimônio público. 

Em sua primeira entrevista ao portal 8, você disse que no jornalismo você gosta de entrevistar. Qual dica você daria para fazer uma boa entrevista?

Estudar bem o tema e a personagem que você vai entrevistar. Conhecimento é a chave de tudo.

+ Primeira entrevista de Cláudia Brandão ao P8

Na próxima quarta-feira, 21 de outubro, teremos mais outra entrevista exclusiva. O convidado é o repórter da TV Antena 10, Ravi Marques. Aguarde!

Por Zeke Rodrigues