Por que não debater o suicídio?


Em face dos recentes acontecimentos no estado do Piauí, com uma onda de suicídios assolando jovens, faz-se mais do que necessário que a mídia se posicione sobre o assunto. A população clama pelo debate, orientação e principalmente, pela prevenção.

A mídia desempenha um papel significativo na sociedade atual, ao proporcionar uma ampla gama de informações, através dos mais variados recursos. Influencia fortemente as atitudes, crenças e comportamentos da comunidade e ocupa um lugar central nas práticas políticas, econômicas e sociais. Devido a esta grande influência, os meios de comunicação podem também ter um papel ativo na prevenção do suicídio.


Historicamente, a divulgação de casos de suicídio através de obras de ficção, notícias em jornais,novelas, além de celebridades que tenham cometido tal ato tem mostrado que isso 'encoraja' o ser já em vulnerabilidade a tirar a própria vida. É justamente por isso que as emissoras de TV e demais veículos adotam a postura de não divulgar os casos, de não tratá-lo como factual para que não desperte surtos de suicídios.

Mas, é chegada a hora em que apenas se omitir ou ficar neutro sobre o assunto não é a melhor alternativa para barrar o surgimento de novos casos. Está mais do que no momento de a mídia se posicionar, tratar sobre a depressão (uma das doenças que mais tem levado ao suicídio), doença que acomete 350 milhões de pessoas no mundo, sendo que uma em cada dez pessoas no Brasil sofre desse mal. Trazemos aqui a declaração de uma Psiquiatra do Hospital Albert Einstein em reportagem a Revista Veja:
"Muitas vezes é difícil diferenciar a tristeza comum da depressão. O humor das pessoas nunca é constante, sempre vai existir uma variação. Uma situação negativa pode desencadear tristeza, luto. Isso é diferente da depressão clínica, que é uma síndrome que vem acompanhada por outros sintomas", explica Mara Fonseca Maranhão, psiquiatra da Unifesp e do Hospital Albert Einstein.
A OMS, no ano 2000, elaborou um importante documento que deve servir de norte para a divulgação de notícias como o suicídio. Entre os pontos, o estudo aponta que devem ser evitadas descrições detalhadas do método usado e de como ele foi obtido. As pesquisas mostraram que a cobertura dos suicídios pelos meios de comunicação tem impacto maior nos métodos de suicídio usados do que na freqüência de suicídios. Alguns locais – pontes, penhascos, estradas de ferro, edifícios altos, etc – tradicionalmente associam-se com suicídios. Publicidade adicional acerca destes locais pode fazer com que mais pessoas os procurem com esta finalidade.

Então, debater o suicídio não é divulgar pura e simplesmente o acontecimento, nem mesmo mostrar como ele aconteceu em detalhes. Debater o suicídio é se preocupar com o que levou aquele que o cometeu a essas circunstâncias, mostrar como elas devem ser evitadas e mais do que isso, incentivar as pessoas vulneráveis a buscar ajuda através dos grupos de apoio. Silenciar sobre o assunto não pode ser mais o caminho. 

Por Igor
portalp8@gmail.com
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