Entra no ar na próxima segunda-feira (3) a TV Jornal Meio Norte. Se trata de um emissora all news, que pretende trazer noticiário 24 horas por dia, no canal 20 de Teresina. O novo canal nasceu da perspectiva de colocar equipamento de filmagem dentro dos estúdios da Rádio Jornal Meio Norte, que já funciona com notícia e informação durante o dia todo.
O desafio é maior do que aparenta ser. Se trata de um conceito amplo para um veículo multiplataforma: iniciou com o Jornal Meio Norte (impresso), seguiu para um versão digital (online), ganhou as ondas FM (rádio) e por fim estreará na televisão. Como fazer para explorar cada um dos meios garantindo conteúdo específico para cada um e ao mesmo tempo tentando manter a unidade de um grupo de comunicação? Não é fácil, mas somente a experimentação poderá resolver.
Como não se lembrar das edições do Butiquim, originalmente advindo da rádio Meio Norte FM, quando o apresentador chamava o público ver imagens que estavam sendo exibidas na versão televisiva? Naquela situação imagine aquele fiel ouvinte do programa que não podia acompanhar a TV tendo que lidar com essa situação constrangedora.
Este é só um exemplo simples do que pode ocorrer quando não ocorre a adaptação da linguagem e a utilização de recursos que são impossibilitados de explorar porque entram no limite da outra plataforma. A partir daí podemos questionar: será que a nova TV Jornal Meio Norte irá renunciar aos recursos televisivos para não colocar o público em vexame? O que ocorrerá com as imagens na TV, gráficos, tabelas, recursos visuais? Quem está no rádio vai ganhar uma descrição de cada um desses recursos?
Não se pode negar: são públicos distintos em plataformas diferentes. Em cada uma destas a linguagem empregadas e os recursos utilizados também são diferentes. Neste caso da TV Jornal Meio Norte podemos ver que o conceito crossmedia será o aplicado, em detritimento do conceito transmídia, que o que os grande veículos de comunicação procuram. Ou seja, o grupo Meio Norte segue na contra mão dos grandes grupos. Burrice ou ousadia? Não diria burrice, mas sim ignorância.
A crossmedia é nada mais e nada menos quando um mesmo conteúdo é difundido por diferentes plataformas. Este é um conceito ultrapassado pelos grande grupos da Comunicação. Ora, um mesmo conteúdo em diferentes meios enfraquece o grupo, empobrece o conteúdo e fica tangente à concorrência. Hoje o conceito seguido pelos grandes grupos é o de transmídia.
A transmídia é quando um grupo de comunicação com atuação multiplataforma atua de forma independente em diferentes meios. Isso é o que ocorre no grupo Bandeirantes, Globo, Folha, Estadão... estes grupos possuem jornais, TVs, rádios e portais. Cada um deles atua da melhor forma para explorar cada um de seus formatos, cada um obdecendo sua linguagem e trabalhando com cada um de seus recursos.
O aspecto da transmidialidade prevê principalmente isso, pois como cada meio tem seu limite, é melhor explorar cada uma de suas qualidades evitando fazer o que a TV Jornal Meio Norte vai fazer, que é uni-los, engessar a linguagem e os recursos enfraquecendo cada uma de suas forças. Um exemplo perfeito de exploração transmídia no Piauí é o grupo O Dia, que por sinal é o que apresenta maior crescimento multiplataforma nos últimos anos.
O Sistema O Dia possuí rádio, jornal impresso, TV e portal. Cada um atua explorando suas características e não existe nada de programa de rádio que vai ao ar na TV. Pois eles sabem que isso engessa a linguagem e limita os meios. Aliás, não só eles sabem. Quem estuda os fenômenos da convergência midiática e acompanha o mercado da comunicação compreende bem a dificuldade do que faz a TV Jornal Meio Norte.
A TV Jornal Meio Norte erra ao entrar na contramão do que fazem as grandes empresas. A crossmedia neste caso não é um bom caminho.
TV Jornal Meio Norte erra e atuará de forma equivocada na posição multiplataforma
Reviewed by Redação
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22:47:00
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